sábado, 7 de setembro de 2019

Jovens angolanos desempregados e em “situação precária” questionam política do Governo.

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Jovens dizem que situação “é precária e dramática”, e desejam apenas oportunidades para apresentar as suas “habilidades e competências”.
Jovens angolanos desempregados questionaram esta sexta-feira as políticas do Governo para a promoção do emprego, referindo que sua situação “é precária e dramática”, desejando apenas oportunidades para apresentar as suas “habilidades e competências”.
“Estou aqui com objetivo de conseguir uma vaga, e estou aqui com crença e fé em Deus, por isso vim cá tentar, porque há aqui uma grande enchente, o dia-a-dia é precário e a alternativa é tentar abrir um negócio para sobreviver”, contou à Lusa Virgínia Jacinto, desempregada há três anos.
A técnica de recursos humanos, de 30 anos, falava no meio de milhares de jovens que acorreram à Feira de Oportunidades de Emprego, Estágio e Formação Profissional (FOEEFP), considerando não haver interesse do Governo em responder ao clamor dos jovens.
A FOEEFP, organizada pelo Instituto Angolano da Juventude (IAJ), abriu esta sexta-feira na tenda do Centro de Conferências de Belas (CCB), município do Talatona, sul de Luanda, e ficou marcada por desmaios e ferimentos ligeiros, devido à ânsia dos milhares de jovens que ali acorreram em busca pelo primeiro emprego.
Julieta Benza, formada em contabilidade, há quatro anos desempregada, deslocou-se para o CCB, às 06:00, em busca de uma oportunidade de emprego para sustentar os filhos, porque, relatou, o seu dia-a-dia “é terrível”.
“Não tenho como meter os filhos a estudar”, disse Julieta, questionando a falta de melhor organização da feira e a segurança face ao elevado número de pessoas.
Em 22 de julho de 2017, em plena campanha eleitoral para as eleições gerais de agosto, em Angola, João Lourenço, atual chefe de Estado, prometeu que, numa só legislatura, iria conseguir criar pelo menos meio milhão de empregos, e reduzir um quinto à taxa de desemprego de 28,8% segundo os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística, referentes a 2018.
A técnica de contabilidade, de 35 anos, manifestou crença em conseguir um vaga nas ofertas da FOEEFP, que decorre até sábado, e referiu que a situação dos jovens desempregados “é dramática”, esperando o cumprimento da promessa eleitoral do chefe de Estado.
“Ele [João Lourenço] prometeu os 500 mil empregos e deve cumprir. Nós estamos atentos, os jovens estão capacitados e habilitados para enfrentar o mundo do emprego”, assegurou.
Com uma bebé de sete meses ao colo, Ariete Maurício, 28 anos, contou que já perdeu a conta do tempo em que se encontra desempregada, exteriorizando a crença e fé de alcançar uma vaga em qualquer ramo de atividade.
“Cheguei aqui às 06:00 da manhã e estou com a bebé ao colo porque não tem com quem ficar em casa. Dependo apenas do esposo, estou a rezar desde manhã para ver se consigo pelo menos uma vaga”, afirmou.
Pelo menos 38 instituições dos setores dos petróleos, banca, telecomunicações, ambiente, turismo, universidade, escolas de formação técnico-profissional marcaram presença na feira, mas ficaram impossibilitados de apresentar os seus serviços por falta de condições técnicas e espaços preenchidos pelos milhares de jovens.
Na abertura do certame, o IAJ deu conta que estavam já confirmadas mais de 1.000 oportunidades para esta feira desde empregos, estágios e formação profissional.
O Presidente angolano, em abril deste ano, aprovou em decreto o Plano de Ação para Promoção da Empregabilidade (PAPE), que disponibiliza 21 mil milhões de kuanzas (58,3 milhões de euros, na cotação da altura) para promover o emprego, que “deverão ser criados e absorvidos pelo setor produtivo da economia”, para dar cumprimento à promessa feita em 2017.
A verba do PAPE será proveniente do Orçamento Geral do Estado (OGE) e do Fundo de Petróleo.

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